8 de dezembro de 2012

Tempo

Sentada na areia olhando p mar.

Cada onda arrebenta no mesmo compasso da anterior. Cada uma de seu jeito, mas todas sincronizadas pertencendo a mesma canção.

Fico observando mais algumas horas, alguns dias essa sinfonia discreta e igual.

Todos os dias.

Até que me jogo no mar. Enfrento sua ondas de frente.

Umas arrebentam no meu rosto, deixando marcas e muita dor. Outras apenas me lembram que tenho que estar alerta. Outras parecem me confortar para continuar em frente.

Sem pensar no que irei encontrar, sigo a trilha de espuma. Meu braços doem. Meu corpo doí. Minha cabeça gira. A luz do sol me cega, e a sede é insuportável.

Uma onda forte e me joga para longe.

Me ergo, respiro fundo. Seco as lágrimas, cuido das feridas.

Espero mais uma brecha de calmaria, e me jogo novamente. Sigo o caminho que já conheço. Piso nas pedras do fundo, com total conhecimento.

Entro na zona de guerra, onde a grande onda me jogou longe. Paro, respiro, fecho os olhos, e como um estouro de manada, dou minhas braçadas.

Estouram no rosto, no corpo, me machucam, sinto sangue na garganta. Mas tenho chegar na nascente.

Passo novamente pelas pedras. Estou calejada e não sinto dores, deve ser a adrenalina. O corpo todo formiga, e cada braçada é uma tortura.

Estou perto de onde quero chegar, e vejo a calmaria, e a luz do sol, como um oásis no deserto.

Estou em mar aberto.

Calmo, tranquilo. Eu, o mar e o sol. Posso soltar meu corpo, relaxar todos os músculos tensos. Já não sinto câimbras. E nem sede. Só sinto o mar, o sol e o entorpecimento da conquista.

É tudo novo, e ganhei a grande batalha contras as ondas. Me sinto gloriosa. 

Olho para cima. Uma nuvem negra esconde meu sol. Ouço trovões, vejo relâmpagos. Onde foi parar toda aquela paz?

O meu calmo mar, se torna agitado, violento, e onde era calmaria, vira um inferno.

Luto com meu corpo que se acostumou com o repouso e com a falta do chão sob meus pés. 

A tormenta se aproxima. 

Não tenho noção de onde estou, meu braços não conseguem aguentar as ondas e os jatos. Começa a tempestade.

Vento, onda, onde será que estou? 

Uma grande onda se forma. Vem rápido em minha direção. Não tenho como escapar. Me entrego a sua violência.

Sinto todo o impacto, quebra meu corpo. Se diverte comigo. Não passo de um brinquedo em seus braços. 

Em transe, não sinto sua força, mas vejo como se diverte. Lança meu corpo alto. Adormeço.

Abro meus olhos. Minhas costas estão na areia da praia. O sol me cega. Mas não sinto nada, não consigo me mexer. Mas o sol é tão bom.